Total de visualizações de página

sábado, 14 de setembro de 2024

MESTRE GUINE e o Pedagio da Branquitude na Capoeira



O "pedágio da branquitude" não está relacionado diretamente à cor da pele, mas sim àqueles que utilizam a cor como ferramenta de poder e opressão. Mestre Guiné nos ensina que o pedágio é cobrado não pela cor em si, mas pela maneira como ela é usada para escravizar, controlar e silenciar. Não são todas as pessoas brancas que se beneficiam desse sistema, mas aquelas que, consciente ou inconscientemente, reproduzem estruturas racistas que privilegiam a branquitude em detrimento da negritude.


Quando falamos sobre o pedágio da branquitude, estamos nos referindo à lógica que sustenta o racismo estrutural, onde ser branco ou identificar-se com os privilégios da branquitude garante acesso facilitado a espaços de poder, enquanto as pessoas negras são forçadas a pagar esse pedágio em formas diversas: invisibilidade, falta de oportunidades, e a necessidade de provar constantemente seu valor. Esse sistema de opressão não é uma característica biológica, mas uma construção histórica e social, onde a cor da pele é instrumentalizada para manter desigualdades.




As pessoas negras, por sua vez, são o alvo central desse sistema, sendo constantemente julgadas, subestimadas e cobradas por sua simples presença em espaços historicamente controlados pela branquitude. Entretanto, o pedágio não é uma imposição inevitável da pele branca, mas uma escolha estrutural de quem se beneficia do racismo. Há, portanto, uma responsabilidade moral e social de todos aqueles que, mesmo sem intenção, perpetuam esse sistema de dominação, seja pela ação direta ou pelo silêncio diante das injustiças.


Desvincular o pedágio da cor da pele e ligá-lo ao uso opressor dessa característica é um passo importante para entender que o racismo é uma questão de poder e privilégio, e não simplesmente de biologia. Precisamos ir além da ideia de que a branquitude se define apenas por traços físicos e reconhecer que ela representa, sobretudo, uma posição de domínio que se retroalimenta às custas de quem está do outro lado dessa equação. É sobre o uso da cor como ferramenta de opressão e a manutenção de sistemas que escravizam tanto o corpo quanto o espírito.


Mestre Guiné nos desafia a enxergar além das aparências superficiais e a questionar como a cor da pele, quando usada como símbolo de poder, se torna uma arma para subjugar e controlar. Reconhecer o pedágio da branquitude é também um convite para desfazer essas amarras, desmantelar o racismo e construir um futuro onde a cor da pele não seja mais um determinante de poder, mas uma expressão de nossa diversidade humana.

Nenhum comentário: